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domingo, 20 de outubro de 2013

Por que não (nos) lemos?

Caríssimos;

Ontem, descobri duas crônicas de Carlos Heitor Cony que, por sua temática, apresentam-nos, sobre seu narrador-personagem, a percepção do outro quanto as suas próprias dificuldades de aprendizagem e, por extensão de sentido, o modo como este se vê inserido, ou não, em determinadas situações de convívio social - a escola, a título de exemplo. 

Grosso modo, a partir desses textos, "O fogão e a chuva"¹ e "As mãos do homem"², um pensamento invadiu-me as horas: Saber-se quebrado, na mais feliz metáfora de Eliane Brum³, é experimentar, ante a singularidade de nossas lacunas e, por isto, de modo, inquestionavelmente, intenso, a marginalização social, ou alguns olhos que não veem (que não nos veem), outras mãos que não acolhem (que não nos acolhem): muitas vezes, os nossos próprios olhos, as nossas, também próprias, mãos. É buscar, ainda em tempo, um todo "especial" na escola. É partir.

Por que não (nos) lemos?

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¹ CONY, Carlos Heitor. O fogão e a chuva. In: ______. Cony: crônicas para ler na escola. Apresentação: Marisa Lajolo. Rio de Janeiro: Fontanar, 2009. p. 45-49.

² CONY, Carlos Heitor. As mãos do homem. In: ______. Cony: crônicas para ler na escola. Apresentação: Marisa Lajolo. Rio de Janeiro: Fontanar, 2009. p. 83-85.

³ BRUM, Eliane. A menina quebrada. Época, São Paulo, 28 jan. 2013. Disponível em: <https://goo.gl/n9we4Z>. Acesso em: 19 out. 2013.